Êpa, isso não!

Violinista é xingado de vagabundo

O violinista Robson Moreira Peres, de 37 anos, afirma que foi xingado de vagabundo, na tarde de quinta-feira (16), pela segurança de um shopping no bairro Gonzaga, em Santos, no litoral de São Paulo, enquanto se preparava para fazer suas apresentações na rua. Ao g1, o músico disse que, além da ofensa, ela informou que ele não poderia ficar ali, pois a calçada é do centro comercial.
 
"Ela falou que eu não poderia tocar ali. Aí, falei que toco ali há oito anos, que vou sempre, e ela falou que eu não ia tocar ali, e que não pode mais, nem eu e nem outra pessoa. Tenho alguns amigos que tocam ali, também. Eu pedi desculpa, mas falei que conheço meus direitos, que a calçada é pública. Teve uma reunião com a Guarda Civil Municipal, junto com o Conselho de Cultura de Santos, onde foi estipulado que a gente poderia trabalhar com as seguintes condições: sem atrapalhar ninguém e sem fazer muito barulho", explica.
 
O músico diz que, em seguida, tentou explicar para a segurança que não estava fazendo barulho, que estava trabalhando. "Aí, ela falou 'vou chamar a polícia, seu vagabundo'. Ela começou a tirar foto, filmar, e ficou brava porque o pessoal começou a jogar dinheiro. Passou a Guarda Civil Municipal e ela começou a gritar. Eles pararam, ela atravessou a rua, foi lá e apontou para mim. Ela foi grosseira, não é a primeira vez que me expulsa. A calçada é pública, não é de nenhuma loja", desabafa.
 
"Eu queria que as pessoas dessem mais valor e tivessem uma compreensão maior, entendessem o motivo de eu estar tocando ali. Muita gente acha que não trabalho, mas eu sou artista. A minha avó me falou que artista tem que estar onde o povo está. E qual lugar cabe mais gente que na rua? Então, quem está passando ali, e quiser, vai parar, comprar meu livro, conversar comigo, perguntar sobre minhas músicas", disse.
 
Robson reitera que está ali trabalhando, e que não é vagabundo. "Eu tenho duas faculdades, tenho dois CDs, fui campeão do mundo de arte na rua, toquei na Austrália por causa da arte de rua, não é uma coisa que a gente vai lá para fazer bagunça. A gente quer trabalhar, tocar, somos artistas de rua, estamos fazendo um bem social, e vem uma pessoa dessas fazer isso com a gente? Esse negócio de as lojas acharem que as calçadas são delas tem que acabar. Ela não reclamou por causa do barulho, falou que a calçada é do shopping, e que eu não podia tocar ali", complementa.
 
"Eu já fiz vários shows, apresentações, toquei em bancas, duetos, orquestras. Sou pai de família, tenho um filho autista, vou ter outro filho agora. A rua é uma vitrine, a partir disso chegam festas, casamentos e aniversários para tocar. Sou escritor, já publiquei dois livros, vendo meus livros", afirma.

Na íntegra: https://glo.bo/3FyMhsB

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